Um pedido de Recuperação Judicial de sete usinas que integram a Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas pegou a sociedade alagoana de surpresa, na última terça-feira. Além das usinas, mais duas empresas que atuam na exportação e manutenção da produção dos cooperados também fazem parte do pedido de Recuperação Judicial, onde solicitam prazo de carência para renegociar e pagar suas dívidas.
Segundo informações do site Diário do Poder, em matéria assinada pelo jornalista Cláudio Humberto e com colaboração em Alagoas do repórter Davi Soares, as usinas são a Seresta (da família do ex-governador Teotônio Vilela Filho), Sinimbu, Sumaúma, Penedo, Porto Rico, Porto Alegre e Capricho, além da Mecânica Pesada Continental S/A e a Coopertrading, respectivas responsáveis pela manutenção das usinas e pelas vendas da produção.
O valor do endividamento ainda não foi revelado, mas as estimativas são “preocupantes”, segundo alta fonte do setor. No final de 2016, por exemplo, pequenos produtores protestaram contra o calote de usineiros no pagamento de cerca de R$ 250 milhões pela cana fornecida há mais de três anos. Dos 7,4 mil produtores de cana alagoanos, 90% são pequenos fornecedores. Com as dificuldades financeiras, aliadas à sequência de estiagens, várias famílias estão vendendo suas terras para pagar empréstimos, enquanto as usinas recebem o que produzem antecipadamente e não pagam aos fornecedores.
A direção da cooperativa reluta há meses na decisão de ingressar com o pedido de Recuperação Judicial, um recurso que evita a falência desde que se consiga demonstrar a viabilidade da empresa. O Diário do Poder recebeu a notícia sobre o iminente pedido de Recuperação Judicial na semana passada, mas representantes do setor, como o ex-governador Teotonio Vilela Filho, responderam que a informação não procedia.
Agora, o juiz de Falências decidirá sobre o pedido após examinar o plano de recuperação indicado pela Cooperativa, do qual devem constar inclusive uma proposta de prazo de carência para iniciar o processo de renegociação de dívidas a partir de uma assembleia de credores. Os credores, inclusive, serão divididos em categorias, no processo de renegociação, quando serão definidas as novas datas de pagamento das dívidas vencidas.
A história da Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas tem início em 6 de outubro de 1933, quando foi constituída a Comissão de Vendas dos Usineiros de Alagoas.
Na primeira safra em que a Comissão de Vendas esteve à frente das negociações, de 19 de outubro 1933 a 30 de abril de 1934, foram produzidos em Alagoas 530.599 sacos de açúcar do tipo cristal e demerara.
Com o Decreto-lei 5.893, de 19 de outubro de 1943, do governo federal, regulamentando o funcionamento das cooperativas no País, a Comissão de Vendas foi substituída, em 17 de dezembro de 1943, pela Cooperativa dos Usineiros de Alagoas.
Com a criação da Cooperativa – que iniciou suas atividades em 10 de março de 1944 –, os produtores passam para um novo patamar, dispondo de uma estrutura mais organizada, com um Conselho de Administração e um Conselho Fiscal para organizar a produção de seus associados da maneira mais transparente possível.
Durante a gestão de João Evangelista da Costa Tenório (eleito diretor presidente em 22 de setembro de 1978) é realizada mais uma mudança de denominação. Em 6 de outubro de 1986, o nome completo passa a ser Cooperativa Regional dos Produtores de Açúcar e Álcool de Alagoas. E assim permanece até hoje. Após ser reeleito ao longo de 21 anos para a presidência da Cooperativa, João Tenório é substituído, em 2009, por José Ribeiro Toledo Filho, atual diretor presidente.
Fonte: http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=314273
Para mais informações sobre Recuperação Judicial, acesse: https://sartoriadvogados.com.br/portfolio/recuperacao-judicial/