Notícia: “Petroleira fundada por Eike Batista sai da recuperação judicial”

Quase quatro anos depois de pedir recuperação judicial, a OGX, petroleira criada por Eike Batista, concluiu seu processo de reestruturação. Nesse período, seu valor de mercado caiu de R$ 420,68 milhões para R$ 144,32 milhões, segundo dados da Bloomberg, uma queda de 65,7%. A empresa, que foi o carro-chefe do chamado império X, de Eike, hoje tem novos donos. Três anos depois de aprovar seu plano de recuperação, ela assinou, na semana retrasada, um acordo com três grupos de credores que emprestaram recursos à empresa nos últimos anos. A maioria deles é formada por fundos de investimento estrangeiros e serão os novos donos da empresa, com fatia de 95% do capital. Os 5% restantes ficam divididos entre os antigos credores (3,7%), o mercado e Eike, com 0,65% cada.

— Saímos da recuperação com todos os compromissos previstos no plano cumpridos. Toda a dívida foi quitada, o que não significa que tenha sido paga em dinheiro. A maior parte foi convertida em ações da companhia. É um ponto de break-even (equilíbrio). Fora da recuperação, poderemos voltar a renegociar contratos e reduzir despesas com assessores financeiros e jurídicos — conta Paulo Narcélio, diretor-presidente da OGPar, controladora da OGX.

AÇÕES SOBEM 8,51%, COTADAS A R$ 4,45

Por ora, o foco está em perseguir o equilíbrio financeiro. Narcélio promete para o fim do ano um plano com metas para médio e longo prazos, incluindo busca por investidores. Com o início da produção em 2018 no campo de Atlanta e Oliva (BS-4), na Bacia de Santos, parceria de OGX, Queiroz Galvão e Barra Energia, a petroleira já dobraria de tamanho, segundo Narcélio. Ainda assim, com fatia de 40% em Atlanta e Oliva, a empresa já trabalha para vender parte de sua participação, que pode ser reduzida a 20% ou 10%.

Perguntado sobre o fim da recuperação num momento em que Eike cumpre prisão domiciliar em consequência de um desdobramento da Lava-Jato, Narcélio destaca que o empresário se afastou da gestão da OGX em janeiro de 2015:

— Eike renunciou ao cargo de presidente do conselho da companhia. Já não há essa relação há tempos. Lá atrás, ele se comprometeu em apoiar as ações da companhia para cumprir o plano e nunca deixou de cumprir isso.

Ontem, as ações da OGX fecharam em alta de 8,51%, cotadas a R$ 4,46, com o fim do processo.

No auge da operação, a OGX chegou a valer R$ 72,14 bilhões na Bolsa, em outubro de 2010, quando prometia atingir 730 mil barris diários de produção em 2015. A produção total em junho foi de 232.409 barris em Tubarão Martelo, na Bacia de Campos, único campo em operação da OGX.

A empresa pediu recuperação com dívida de R$ 13,8 bilhões. A base do plano de recuperação era converter a maior parte dos débitos em ações da companhia, incluindo a captação de recursos.

Num esforço para enxugar despesas, a OGX chegou a cortar 40% da folha de pagamento e reduziu de 190 para cem o número de funcionários. Hoje, tem 206. Deu início, no fim de 2014, a negociações com a Nordic Trustee, que representa detentores de títulos da OSX, braço naval do grupo X em recuperação judicial. Esses investidores, por contrato, recebiam a receita do afretamento do navio-plataforma FPSO OSX-3, que opera em Tubarão Martelo. O objetivo era reduzir o pagamento, que acabou suspenso, e a briga foi parar na Justiça. Só houve acordo em janeiro, quando três grupos de credores concordaram em trocar suas dívidas por ações da petroleira. Juntos, têm US$ 490 milhões em crédito.

— Quando foi desenhada a recuperação judicial, se chegou a uma equação para resolver a situação da empresa. Nunca é o ideal, porque ninguém sai muito satisfeito. Mas foi uma solução de mercado, aceita por todos — avalia Thomas Felsberg, advogado que representa a Nordic Trustee.

Além de equacionar dívidas com credores, a OGX criou propostas para cumprir obrigações regulatórias, como constituir um fundo para o eventual abandono do campo de Tubarão Martelo, conforme exigência da Agência Nacional do Petróleo.

— É preciso reservar US$ 54 milhões para isso. O fundo contará com um terço das ações que a OGX detém da Eneva (ex-MPX, empresa de energia), ou US$ 21 milhões, mais uma parte da receita de Tubarão Martelo e de BS-4 quando entrar em operação — diz Narcélio.

Fonte: https://oglobo.globo.com/economia/petroleira-fundada-por-eike-batista-sai-da-recuperacao-judicial-21660974

 

Para mais informações sobre Recuperação Judicial, acesse: https://sartoriadvogados.com.br/portfolio/recuperacao-judicial/

Compartilhe:

Mais posts

Newsletter Sartori #176

Confira a 176ª edição da Newsletter Sartori Sociedade de Advogados! Veja as matérias acessando o link ao lado: Newsletter Sartori #176. Para receber nossa seleção de notícias